Histórico


Um dos mais importantes teóricos do Liberalismo, o inglês Jonh Locke, no século XVII, preocupava-se com a ênfase dada às características intelectuais da educação inglesa. Locke passa, então a pregar uma educação integral: intelectual, moral e física. Sobre, a Educação Física, Locke tinha uma visão higienista, influenciada por sua formação médica. Para ele, a prática de atividades físicas, inspirada nas concepções gregas de educação, auxiliaria o processo de formação do homem civilizado. O “gentleman” inglês passaria necessariamente pela educação do corpo.
Percebemos que o pensamento sobre a educação do corpo nos século XVIII, XIX e no início do século XX se justifica a partir da educação voltada para a saúde e para as habilidades corporais. A ideia de educação corporal na Escola, com espaços e tempos definidos no currículo, ganha destaque a partir do século XX. Assim, a Escola passa a ter a missão de educar o intelecto, o corpo e a moral das novas gerações no contexto da formação e consolidação dos estados nacionais no ocidente. Observe-se que a instituição da disciplina chamada Ginástica no contexto escolar não se deu sem embates no espaço contestado do currículo.
Hoje, podemos dizer que pensar a Escola com tempos e espaços voltados para educação do corpo e da expressividade dos alunos se tornou quase um consenso. Vejamos que os programas de ampliação da jornada escolar no Brasil induzem a introdução de atividades e experiência que valorizam a formação da expressividade e do corpo. A Escola não pode mais pensar a formação dos alunos e das alunas apenas a partir de saberes utilitários para a futura inserção num imaginado mercado do trabalho. A sociedade se tornou complexa de modo que o mercado de trabalho e as ocupações transformam-se rapidamente. Sem prescindir da socialização de saberes heurísticos e/ou utilitários, a educação escolar volta-se para formação de novas subjetividades num mundo que questiona a hierarquia, as violências do passado e de hoje e as diferentes formas de produção da desigualdade. Nessa nova configuração cultural a Escola transforma-se em meio às crises que perpassam o currículo, a sociedade e a tradição.
Diante disto, tornam-se fundamentais a análise e o estudo das manifestações que envolvem a educação do corpo. Entende-se por educação do corpo, não apenas os aspectos relacionados à Educação Física escolar, mas também, à cultura material, à arquitetura dos espaços físicos, às manifestações artísticas e expressivas, como a dança e as artes no contexto escolar e nas instituições de educação não formal (projetos sociais, nos clubes, enfim, em instituições que tematizem a educação corporal).
O Laboratório de Pesquisas em Educação do Corpo (LABEC) tem sua demanda atrelada à compreensão do estudo das políticas, programas e ações de educação do corpo e da expressividade em diferentes instituições sociais. Temos como foco de investigação a educação das técnicas de expressão corporal, artística e esportiva que impacta a formação de redes sociais, a adesão a programas para grupos em situação de risco, a profissionalização para o mercado do entretenimento (esporte e artes), a construção de identidades na formação educacional formal e não formal. Tomamos como aportes teóricos os campos da história e da sociologia aplicada.
O laboratório, criado em 2011, é composto por pesquisadores, em diferentes níveis de formação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, majoritariamente ligados ao Departamento de Didática da Faculdade de Educação. Conta também com a participação de um pesquisador da área de Filosofia da Educação do Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).



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